As palavras que me vieram no início foram: soltura, vibração, consciência, alegria, permissão, relaxamento, cura, conexão, sabedoria.
Interessante que me vem à memória uma lembrança, de quando eu ainda era bem pequena e minha mãe dizia que eu era movida à música.
Sim, eu sempre fui muito ligada em música. Não importava o ritmo. Gostava de todos. Totalmente eclética.
Na infância e adolescência a música chegava para mim, principalmente pelo rádio, era uma grande companhia enquanto eu crescia.
Tinha música para tudo: Para arrumar a casa, para cuidar da cozinha, para descansar. Eu carregava o rádio para onde eu ia e, na maioria das noites, ficava ligado baixinho do lado do travesseiro na hora de dormir.
Ainda hoje, continuo fazendo da música uma boa companhia, seja no carro, na caminhada, no trabalho. Houve o tempo das AMs e FMs, depois os toca discos de vinil e fitas cassete, até chegar os walkmens, dvds e agora Spotify. Inclusive a música se tornou uma especial ferramenta no trabalho que desenvolvo hoje.
Mas e os sons, o que dizer dos sons?
Ah! Os sons me tocam profundamente!
Esta percepção do som, e o poder das frequências sonoras, chegaram para mim junto com as práticas de Meditações Ativas.
São muitas as técnicas de Meditações Ativas, elas normalmente envolvem respiração, movimentos e sons para favorecer o estado meditativo e cada uma das técnicas é marcada por diferentes sons, ritmos, pausas e silêncios.
Uma grande descoberta. Foi um grande incentivo para acordar os meus sentidos.

No ano 2000 eu comecei o processo de autoconhecimento com a terapêutica tântrica e, logo em seguida, concomitantemente, frequentei por 10 anos a Escola de Mistérios; o mistério a ser revelado era nós mesmos.
O lema da Escola era We Wu Wei = Ação pela Não Ação.
A proposta era a de um encontro de amigos. Firmamos um compromisso de nos encontrarmos algumas vezes no ano, em uma confortável pousada em meio à natureza onde o facilitador, Deva Prashanto, compartilhava ensinamentos e suas experiências dos longos anos que viveu no Asharam de Osho na India e suas imersões nos processos em escolas reichinianas.
Lá ele dava espaço a todos os participantes para compartilharem a vida, as facilidades e desafios do caminho e às vezes aplicava algumas técnicas de processos corporais ou hipnose. Sempre, junto a um trabalho com cristais de quartzo nos conduzia a um relaxamento profundo e, em seguida, colocava os sons Pitagóricos, para que mais do que ouvir, pudéssemos sentir o som, sentir como cada parte do corpo respondia ou reverberava o som.

Para mim, foi o início do despertar da minha sensorialidade e de uma grande transformação.
Depois do tempo de relaxamento e plena atenção, éramos convidados a nos levantarmos e dançar suavemente ou freneticamente, como cada um sentisse e ao som de tambores e de toda sorte de percussão, instrumentos de sopro, músicas clássicas e populares. Canções antiguíssimas, contemporâneas e novas até alcançarmos estados de profunda conexão corpo/mente.
Fui assistindo meu corpo despertar, sair da rigidez, da inércia, das dores, dos sofrimentos nele registrados e fui fazendo contato com tantos e variados sentimentos… alguns que poderia se dizer de baixa vibração, pesados, como o medo a raiva, mágoas e ressentimentos, e os das mais altas vibrações como a alegria genuína, a leveza, a fluidez e a amorosidade. Foi um lindo tempo de despertar.
O objetivo maior da Escola era despertar o Amor Incondicional.
Mas para mim, antes de chegar em qualquer tipo de amor, ou mesmo de vislumbrar esse objetivo maior, eu passei por muitas catarses.
Nossa! Quanta roupa suja foi lavada ali naquela Escola. Poderia dizer que toda a rigidez e tensões do meu corpo vieram para fora em forma de muita raiva e de muita dor. Foi um tempo de ouvir meus próprios sons. Meu choro, meu riso, meus aiaiais, meus mimimis, e também de ouvir minhas intermináveis gargalhadas e meus silêncios. Um tempo de desconstrução.

Hoje olhando para trás, tenho um sentimento de muita gratidão. Foi LIBERTA DOR!
Voltando ao tema sons, me vêm também os sons da minha infância. Sons de sapos e grilos, de passarinhos, do boi berrando, cachorro latindo e galo cantando.
Quanta vida!
Lembro também do som da chuva, dos trovões que davam medo e dos raios que riscavam o céu antes dos estrondos que faziam tremer a casa. O som do ribeirão e do rio que margeavam o sítio em que nasci e também o som da cachoeira do Rio Pardo. Me lembro de cantar nas missas nas manhãs de domingo.
Me lembro da minha mãe cantando. Tinha uma alegria naquele canto que dá uma sauudaade… que faz as lágrimas rolarem para fora, agora!
Passados os anos eu escolhi um trabalho que envolve a música. E a música é utilizada de forma bem intuitiva e é tão gostoso quando a música chega na hora certa e toca a pessoa provocando uma liberação, um fluir de emoções, abrindo novos espaços para a pessoa, simplesmente, ser e sentir.
Às vezes sinto que o som é uma das coisas mais divinas. Toca o corpo a alma e o coração.
Gostaria de compartilhar o que a música e o som escreveram em você?